segunda-feira, 3 de agosto de 2015

http://oscopelabs.tumblr.com/post/125437071126/lego-izing-theorizing-and-problematizing-how-we

O texto acima é interessante para se iniciar uma discussão sobre como recebemos e pensamos os filmes feitos em nossa época. Tem a ver também com os chiliques usuais dos fãs. Lendo-o, pensei em alguns pontos, sem exaurir o assunto, claro:

1. Fãs não tem a menor ideia do que querem de um filme; sua decepção será, via de regra, inevitável. Isso vem da noção de que os filmes devem corresponder às espectativas que se tem (alimentadas por uma publicidade agressiva), em lugar de se ver o filme por o que ele é.

2. Os filmes, e a carreira em geral, de Wes Anderson são umas daquelas coisas vergonhosas e abjetas que acontecem no cinema de tempos em tempos — a última que se tinha notícia, desde o Baz Luhrmann, Stephen Daldry, Steven Soderbergh e similares. Na verdade, Anderson é uma combinação dos três, se é que algo assim era possível.

3. Nos exemplos que o autor do texto acima elenca, poderia-se adicionar também certos videos do Vimeo, supercuts, "The art of [insira tema masturbatório aqui]", etc. Videos idealizando imagens anêmicas, imagens fora de contexto, imagens bombásticas (como certas imagens dos filmes de Kubrick, Scott, Fincher, Lynch, e o próprio Anderson). A característica principal desses videos é tornar cosmética, consumível, imagens que, tiradas do todo do filme, tornam-se publicidades de si mesmas, modismos; acalanto à uma cinefilia doente e consumista (algo de "vejam como eu sou formado pelos meus muito bons gostos, como eu sou inteligente, me justificando pelos meus gostos, e os legitimando por gostar deles"). Eles são radicalização do comportamento descrito por Wellington Sari em seu texto Frame porn: Do autorismo vulgar à pornografia chic: com o agravante de vender-se como "videos-ensaios". (Não que não haja videos-ensaios de qualidade: há o trabalho de Tony Zhou e seu excelente Every frame a painting, há o trabalho de Jim Emerson, e de muitos outros.)

4. Não posso deixar de incluir aqui meu desacordo com videos como o da srta. Anna Catley, chamado Wes Anderson & Yasujiro Ozu: A visual essay, isto é, a análise mais superficial que se pode fazer dos filmes, a desatenção à evidência dos filmes, o mero encadeamento de generalidades ("ambos fazem filmes sobre famílias"): forçar os filmes à paralelos que somente existem na cabeça do ensaísta. Algo como sugerir que Hawks e Ford teriam paralelos somente porque filmaram faroestes com o John Wayne.

Nenhum comentário:

Postar um comentário