segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

De novo, com um ano que se inicia, mais uma das listas inúteis, a dos melhores filmes de sempre. Se fosse fazer uma lista dos melhores filmes do ano passado, conseguiria pensar em apenas um, dos lançamentos novos (sem os atrasos vergonhosos que são praxe da preguiçosa distribuição brasileira): Elle, naturalmente, que me faz pensar se aquela velha máxima de que o cinema é coisa de gente velha não se tornou verdadeira.

[Algumas palavras a respeito do filme do Verhoeven, já que o mencionei. O que mais me chocou é que o filme excreta fluidos. É um filme que sua, sangra, urina, goza. A coragem de Verhoeven vem de longa data, de um cinismo nada "atual", nada "hipster" e "millenial". Junto de Brian De Palma (colega de geração com quem mais se parece, e não apenas pelo apreço de ambos a Hitchcock), o que Verhoeven tem de sobra é uma extraordinária cara de pau, dessas que criam esses momentos inacreditáveis como a cena em que a Huppert e o médico estão fechando as janelas da casa no meio do vendaval. Não é o melhor filme dele, naturalmente, mas isso não quer dizer absolutamente nada.]

1. Only angels have wings, Howard Hawks.
2. Der Tiger von Eschnapur, Das Indische Grabmal, Fritz Lang.
3. Au hazard, Balthazar, Robert Bresson; La règle du jeu, Jean Renoir.
4. Jeder für sich und Gott gegen alle, Werner Herzog.
5. The 39 steps, Alfred Hitchcock.
6. Sanma no aji (A rotina também teu seu encanto), Yasujiro Ozu.
7. On dangerous ground, Nicholas Ray, Silver Lode, Allan Dwan.
8. The searchers, John Ford.
9. Yi Yi, Edward Yang.
10. Touch of evil, Orson Welles, The thing, John Carpenter.
11. The good, the bad and the ugly, Sergio Leone, Blaise Pascal, Roberto Rosselini.
12. Rocky, John G. Avildsen, Sylvester Stallone, Loulou, Maurice Pialat.

[Adendo: ao escrever essas notas, ainda não havia visto Sully. Filme notável. Nem que seja apenas pela coerência do Eastwood. É um filme de conciliação, e, mais, de tolerância. Visto após os resultados das eleições americanas de 2016, o discurso de Eastwood é muito vivo: estamos todos no mesmo barco, e apenas juntos conseguiremos fazer algo. E daí que o filme seja deselegante, que a montagem derrape aqui e ali? O que vale não é a grandiloquência, mas a eloquência: Eastwood tem algo a fazer, e o faz, com uma mão nas costas. Porque quando faz algo com ambas as mãos, temos algo como A perfect world, ou True crime.] 

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